Fases Terminais

Este tópico será aquele em que vou desabafar com as personagens dos meus books. Desde diários de gentes reais a histórias de gentes de fantasia, passando por serial killers, vampiros e outros, este espaço será inteiramente dedicado às minhas fases terminais, aquelas em que estou mais em baixo. É algo muito semelhante ao que está no tópico dos "pensamentos & poemas", mas cada vez que postar aqui alguma coisa, sabem que estarei mesmo totalmente em baixo.
Espero que estejam inteiramente preparados para a minha fase negra. Caso não estejam, aconselho-vos a não continuar a ler o que estará abaixo e nas páginas seguintes.

Já lá vão mais de três anos...
As pessoas dizem que não, toda a gente acha que sou assim desde pequena. Eu digo que é precisamente por causa dele que hoje sou como sou. Em todos os sentidos. Fisicamente, psicológicamente... Confesso que aqueles sete meses que passámos juntos me fizeram muito bem, mas também me destruíram completamente por dentro. E por fora, também. Hoje, já não tenho bem a certeza de quem sou.
Quem serei agora?, É essa a pergunta que faço a mim mesma, todos os dias. E não consigo perceber se algum dia acharei resposta para tal questão. E tudo por causa de uma mísera pessoa com quem, neste momento, já nem sou capaz de falar.
Fazem mais de três anos que desisti de voltar a viver. Não há nada que me faça voltar atrás, que me faça pensar de forma diferente da que penso agora. Quem me conhece, sabe que eu era completamente o oposto, que era a imagem da máscara que uso hoje para disfarçar as profundas marcas que estão cá dentro. Elas existem, mas eu finjo que as ignoro, mesmo para as pessoas que sabem que as tenho. O meu lema de vida? Fingir que está tudo bem. Porque comigo está sempre tudo bem. Se eu disser que está mal, as pessoas ficam preocupadas e eu não quero que isso aconteça. Em especial a minha família. Para eles, sou a rapariga mais forte e mais guerreira que conheço. Lembras-te de mais alguém assim, Roberto? Será que recordas mais alguém que seja como eu, coberta pela máscara de uma pessoa corajosa e sem pontos fracos?
Sim, tu também o és. Precisamente assim. Sempre com essa estúpida mania de seres superior à dor que sentes, demasiado superior para te achares no direito de a deitar cá para fora. Demasiado superior para deixares que os outros saibam o quanto sofres. Demasiado superior para revelares quem és, verdadeiramente. Essa é a nossa maior diferença. Tu consegues ser totalmente opaco em tudo. Eu só não sou transparente quando tento ocultar a minha dor. No que toca ao resto, não sei ocultar nada.
Só me sinto bem sozinha, agora. E nunca fui assim. Sempre adorei estar rodeada de pessoas. Agora, as únicas que quero são os meus pais, o meu irmão e as minhas amigas. Só eles me fazem sentir bem. Não consigo querer mais ninguém. Muito menos homens.
Hoje, sinto-me a descobrir algo que se tem tornado forte por uma pessoa muito especial para mim. Mas tenho medo que seja apenas uma aventura para ele. Já sofri tanto que já nada me admira. Começo a achar que o problema é meu, que eu é que não valho o suficiente para que as coisas resultem. Talvez seja essa a verdade e eu é que tenho sido demasiado burra para não a conseguir perceber mais cedo. Como tal, prefiro nem arriscar. Prefiro deixar as coisas assim e não tentar sequer. Se ele me amar mesmo, bem... As coisas que são minhas não serão de mais ninguém. Eu acredito que o nosso destino esteja escrito, algures. E se estivermos juntos, independentemente do que sou, da diferença de idades ou de outra coisa qualquer, seremos um do outro. Se não, continuaremos amigos como antes. Mas, nesta altura, não me sinto capaz de lutar e investir numa relação com quem quer que seja. Primeiro, preciso de tratar as minhas feridas. Preciso que elas sarem. E, talvez um dia, esteja pronta para o amar se ele ainda me quiser.

Eu sei que sim. Tenho de lutar por isso. E obrigada pelo apoio que me tens dado, acredita que me tem feito um bem enorme. Adoro-te, minha filhotinhaaaaaaa

Não me culpem por esta reflexão... Acho que estou bastante mal hoje. Enfim...


Quando penso nas voltas que a vida dá, nem sei que palavras dizer para caracterizar os meus 21 anos de existência ao longo de todo este tempo. Talvez quando for mais velha saiba explicar as coisas, mas nesta altura, tudo o que quero é um motivo para que estas aconteçam. E não consigo achá-lo. Por mais que me esforce por tal.
Não se pode dizer que eu seja infeliz. Bem, na verdade, já fui mais feliz mas creio que, nesta etapa da minha vida, as coisas têm sido melhores para mim. Acho que o mundo e mesmo as pessoas à minha volta têm sido bem sorridentes na minha direcção, ultimamente. No entanto, há coisas que não posso apagar. Coisas que sinto, que penso, que leio, que oiço, escrevo, digo. Coisas que o meu coração não pode ignorar. Que a minha cabeça se esforça por manter acesas. Coisas que fazem parte do meu eu.
Sei que tenho feito bastantes asneiras. Muitas delas secretas, meio apagadas no meu íntimo à espera que alguém se dê ao trabalho de as tentar desvendar. Sei que a culpa dessas mesmas asneiras não é de mais ninguém senão minha. Sei que um dia irei pagar por elas, mas não tenho medo disso. No final, é sempre por cá que elas se pagam e o meu preço a pagar pode ser alto mas será apenas meu e de mais ninguém.
Estou bem ciente de como as coisas são à minha volta. Talvez ainda me aguarde um mundo inteiro, repleto de pessoas e lugares novos a descobrir, mas sei que o descobrirei, mesmo que da pior maneira possível. Um dia, a minha hora chegará. E esse dia não há-de tardar. Assim o espero.

Há traços de uma vida que nem o tempo pode apagar. À medida que este passa, sinto apenas que eles se acentuam, gravemente, aumentando a intensidade daquilo que eu julgava ser apenas mais uma existência humana neste local repleto de tantas outras desse tipo. Hoje, descubro que, além de ser humano, sou também parte do mundo de outros, tal como esses outros são parte do meu. Talvez não fosse essa a minha intenção mas é o que tenho vindo a perceber.
Reconheço cada palavra, cada acção, cada passo dado no redor deste longo caminho que tenho percorrido. Cada pegada deixada no chão é uma lição que levo desta vida. Mais uma coisa que aprendo por mim mesma e que me ensina a crescer e a olhar para o mundo à minha volta com outros olhos. Agora, o que sai de mim, são pequenas palavras. Mas as palavras são levadas pelo vento e eu vou ficando cada vez mais só sem a sua companhia. Sem um abraço, sem um carinho, sem um beijo que me acalme nas noites de tristeza em que me sinto clamar por um alguém. Sem sequer uma palavra amiga que venha corresponder às minhas, sem um conselho ou um grito que me faça acordar deste pesadelo. Não consigo acordar. Permaneço inerte, esperando que alguém surja para me libertar daqui. Que, quem sabe, haja um ser que repare no que me tenho tornado. Solitária. Melancólica. Nostálgica. Vazia.
Ao descer o corrimão das escadas por onde a minha vida tem subido ao longo destes anos todos, noto que, cá em baixo, nada me espera. O pavimento está vazio. Não há nada que esteja reservado para mim. Bom ou mau. Nesta plena reflexão, a única coisa que poderei apontar é a ausência. Nada me espera. Nada nem ninguém. Estou só, mais agora do que alguma pensei poder estar, um dia. E ninguém mais o sabe. Só eu. Eu e a minha eterna solidão.

Sinto que estou a perder a única pessoa que tem podido estar a meu lado para me apoiar nesta fase da minha vida. Diogo. Parece já ter passado uma completa eternidade desde que ele foi embora. E eu estou a morrer de saudades, totalmente de rastos devido à sua ausência. Se ao menos pudesse sair deste buraco...
Estou aqui presa como se fosse um animal enjaulado. Não saio desta casa, não vejo mais do que estas mesmas 3 pessoas desde há dias e estou a perder a vontade do que quer que seja. Até olhar para estas mesmas quatro paredes dia-a-dia me faz ter saudades dele.
Todos os dias adormeço abraçada à sua almofada, sentindo-lhe o cheiro mais do que entranhado do seu perfume. E choro. Todos as noites agarro o terço que me deixou e chamo pelo seu nome. Mas nem isso o traz de volta.
Deveria ser amanhã que voltávamos a ver-nos. Mas isso já está fora de questão pois ele tem de passar o próximo fim-de-semana na tropa. Enquanto isso, eu definho neste fim de mundo onde não chega ninguém que me possa vir buscar. Se soubessem como odeio esta merda de vida! Se soubesse o que sei hoje nunca teria deixado que as coisas chegassem a este rumo. Estou cansada, totalmente exausta desta rotina entediante e sem nada para fazer nem ninguém com quem falar. Não admira que passe quase o dia inteiro presa ao telemóvel, tentando abstrair-me da miséria de vivência que tenho tido. E assim permaneço, todos os dias, hora após hora, minutos e segundos seguidos, sem parar. Sem vontade para nada e muito menos para cumprir a promessa que fiz ao meu amor. Apesar de eu saber que isso lhe custará. Mas não lhe custa mais do que a mim estar sem ele e sei que ele tardará a chegar.
Mais uma semana... Na 2ª feira ligará a dizer que terá de ficar mais tempo, depois mais tempo e assim sucessivamente. E vêmo-nos os dois, sozinhos. A ele não sei o quanto lhe importa mas a mim importa-me imenso. Confunde-me. Deita-me abaixo. Faz-me infeliz e nostálgica. Faz-me sentir vulnerável. E odeio quando me sinto desta forma.